Um nome melhor que um perfume francês

Levamos anos para conquistar uma boa reputação, e podemos acabar com ela em poucos segundos. Basta uma informação falsa, um exagero num relato, um equívoco, uma exposição indevida. No entanto, atualmente não parece que as pessoas estão preocupadas com isso.

Cresci num ambiente onde aprendi a controlar minhas emoções e a tratar os de fora como sendo de fora, a não falar com estranhos e a cuidar de uma coisa chamada reputação. Como vivia em cidade pequena aprendi que notícias não correm, voam, e os escândalos familiares eram discutidos em praças públicas.

Aprendi a não compartilhar confissões com qualquer um e a escolher bem as amizades.

Agora os tempos são outros. Expõem-se nas redes sociais, nos bares, nas reuniões, no ônibus. Não existem segredos e tampouco as pessoas aparentam se envergonhar do que fazem ou dizem.

Sim, fomos de um extremo a outro. Aprendíamos a engolir o choro, o que é péssimo para um desenvolvimento saudável, e agora ensinamos a espernear em qualquer lugar público.

As regras atuais são: “quem não chora não mama”, “para ser ouvido, quanto mais alto melhor”, e “não se prive dos seus desejos”e “faça tudo que quiser da maneira que desejar”. O resultado está aí: a exposição diária de famílias inteiras sem momentos privados ou íntimos. Tudo tornou-se público e de ordem coletiva.

Quanto mais se expõe menos se sente acolhido. A exposição desmedida traz uma série de problemas de ordem social: indiretas e diretas pelas redes sociais, brigas, indisposição entre amigos, quebra de confiança e mudanças repetitivas de cônjuges.

Difícil saber onde isso vai parar.

No entanto, a Bíblia nos fala sobre a importância de se ter um bom nome. Um bom nome é algo nobre, caríssimo e de estima elevada. Jó era conceituado, homem importante e de bom nome. Era respeitado pelos amigos e conhecidos. Sentava-se à porta da cidade e era procurado pelas pessoas que desejavam um conselho ou uma palavra de sabedoria. A integridade de Jó o levou a ter um bom nome. Provavelmente se abstinha de confusão e fofocas. Mantinha-se longe das rodas de conversas frívolas e ofensivas. Jó, aliás, manteve sua integridade e bom nome mesmo em momentos de perdas e de sofrimento. Neste sentido, podemos analisar que a maioria hoje que possui bom nome são os que possuem posses e uma vida financeira e familiar confortável, ao menor abalo, os vemos desfalecer. Deixando claro que não conseguem lidar com perdas, dor e sofrimento e, de uma forma soberba se vêem perseguidos ou vitimizados pelas pessoas, pelo mundo e até por Deus.

Difícil acreditar que essa geração pode aprender com perdas, dor e experiências. Esbraveja-se por tudo e por nada. Acredita-se que a forma de lutar seja sempre essa. E o bom nome está praticamente em extinção.

Os nomes, em geral, estão catalogados no Sistema de Proteção ao Crédito. Alguns por infortunos e situações inesperadas como o desemprego, mas a maioria por não se conter, por falta do limite próprio, por não haver saciedade ou contentamento.

Há nomes, também, nos tribunais. Nunca se houve tantos processos judiciais. Ali estão os que ofenderem, caluniaram, ameaçaram, falaram o que não deviam e não controlaram a língua e os gestos.

Acredita-se que bom nome tem quem é famoso: ator, atriz, jogador de futebol, político e etc. Ou quem é rico e tenha muitas posses, mas, há muitos pobres de bom nome e de boa conduta. Em geral, os menos favorecidos são mais generosos e bondosos. Se unem na dor e na amizade. Conversam com a vizinhança, cuidam dos filhos dos vizinhos e amigos, fazem escala para levar à escola e dividem o pão. São receptivos e bons anfitriões.

No entanto, o bom nome continua valendo mais que ouro e exala mais que perfume francês. Não faz estardalhaço e não se expõe, não pactua com suborno ou corrupção, mas atinge a sociedade, transmite confiança e toca corações.

Procura-se pessoas com bom nome na praça, na empresa, na Igreja. Pessoas que saibam ouvir e que não espalhem nossas lágrimas, pessoas que nos compreendam sem desejar nada em troca, gente que nos aconselhe e nos ajude a tomar decisões sábias e coerentes com a verdade. Procura-se bom nome que prefira o prejuízo à justiça própria, que perdoe seus desafetos e que se resguarde da intolerância, do orgulho e da ira pecaminosa.

 Um bom nome é melhor do que um perfume finíssimo. Eclesiastes 7.1

A boa reputação vale mais que grandes riquezas; desfrutar de boa estima vale mais que prata e ouro. Provérbios 22.1

 

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