Não quero flores nem aplausos, quero respeito;
Não quero um minuto de fama, quero ser ouvida sempre que desejar falar;
Não quero lhe tirar o fôlego pelas minhas curvas, quero que me reconheça como pessoa, com alma, sentimentos e emoções.
Não quero ser vista como uma máquina de procriação, quero ser amada, acolhida, me tornar parte de você;
Não quero ser você, nem ter sua força. Quero poder ser eu, com a minha força, criatividade e fragilidade.
Quero poder rir, chorar, gargalhar, sem sofrer preconceito e sem ter minhas emoções definida apenas como hormônios;
Quero estudar, trabalhar, me superar. Não quero tirar o teu lugar, quero conquistar o meu;
Quero ser remunerada de acordo com o meu desempenho e não pelo meu sexo.
Quero sempre ter muita gente por perto, quero poder cuidar, acalentar e amamentar; mas quero ter direito ao silêncio, à solitude e ao descanso. Afinal, sou gente, de carne e osso e de muitas, muitas emoções.
Quero poder transitar sem medo, quero escolher meus pertences, quero emitir opinião, pois não sou somente mulher, sou gente, pessoa e humana, criada à imagem e semelhança de Deus. Aquele me projetou, que sentiu a necessidade da minha existência e que, quando pisou por aqui me ouviu, me curou e me amou.
Quero ver mais Jesus nas pessoas, quero receber toques de carinho e olhares de misericórdia.
Quero o direito de errar sem isso ser atribuído pelo fato de ser mulher. Quero errar como pessoa, como gente, como humana.
Quero andar bonita, mas não quero ser escrava da moda.
Quero aceitar o tempo no meu rosto, no meu corpo e nos meus documentos pessoais; assim, não quero ter medo de aniversariar, quero poder ser grata a mais um ano: festejar, brincar e cantar.
Quero usar maquiagem, e quero sair de cara lavada.
Não quero ser supermulher. Não quero ser homem. Quero ser eu. Quero ser mulher.
Eu quero. E sei que às vezes, as coisas não andam como quero. Sei que o mundo é grande, as pessoas são complexas, existe injustiça, maldade e machismo. Mas, eu quero superar, quero crescer e quero recuar quando necessário.
Sim, eu desejo, eu penso, eu reflito.
Eu sou mulher, eu sou gente, eu sou humana, eu sou pessoa. Sou pequena, sou grande, sou gordinha, sou magra, sou estudada, sou semianalfabeta. Sou negra, sou loira, sou parda.
Eu existo. Na roça, à beira do fogão, nos grandes centros, no avião, à frente do computador, na cama do hospital, na fila da creche, na direção de um caminhão, à frente de uma reunião, na cadeira de uma universidade.
Ando, luto, choro, grito, morro com cada uma que é assassinada pela intolerância e brutalidade, renasço a cada conquista de uma desconhecida.
Sou eufórica, calorosa, insegura e intensa.
Vou vencendo, minha alma é grande, as responsabilidades também. As quero repartir: a alma com alguém que me compreenda e me complete e as responsabilidades, pois não consigo fazer tudo. Quero parceria, quero cumplicidade e quero união. Quero vida, mas quando o meu dia chegar quero morrer em paz, com a sensação do dever cumprido, da missão executada e da tarefa concluída!
Às mulheres que não deixam a peteca cair, e às que deixam, que não somente hoje, mas em todos os nossos dias que sejamos vistas como gente, que tenhamos respeito, reconhecimento e, principalmente amor. Muito amor!
Ilustração
Foto de autoria de Leonina Loback
Muito bom! Parabéns pelo texto, pela clareza como escreve, mas, principalmente pela ideia que exprime!
Lindo!