Como águia – Segurança a beira do perigo

É comum ouvirmos ilustrações sobre o modo em que as águias voam, ou pregações que nos incentivam a voar mais alto, e alcançar alturas que somente águias conseguem.
Meditando em um momento como esse lembrei-me de uma ocasião que estava de férias e fui levada para conhecer um lugar lindo onde havia uma queda d’água livre por entre rochas de, cerca de, 30 metros. O lugar localizado nos campos gerais do Paraná é de uma beleza extraordinária.
Porém, ali sentindo gotinhas geladas da água que descia, ouvia um barulho estridente que me chamou a atenção e logo percebi que se tratava de águias! Muitas tinham ali, nos trinta metros de “paredão de pedra”, seus ninhos! Os filhotes gritavam, esperando o alimento ou na algazarra de receber a tão esperada mamãe!

Ninho Protegido

Foi muito interessante perceber que a águia não só voa alto, mas sua casa onde abriga os filhotes (e não só onde faz a renovação do bico e das penas) é também em um lugar de difícil acesso: onde o predador não chega!
Os filhotes já nascem em um lugar tão perigoso que se se aventurarem a sair do “buraco” caem em um vôo para a morte! No entanto, se seguirem seus instintos de esperarem pela mãe e a aguardarem o momento certo para o aprendizado do voo, ficam em um lugar tão seguro que não correm o risco de serem devorados pelos predadores.ninho de águia
Isso me fez pensar na nossa vida cristã! A partir do momento que fomos escolhidos para vivermos com Jesus, somos levados para habitar em um cantinho, em uma fenda, em um ninho à beira do precipício, que na verdade, é o melhor lugar para um filhote! Ninguém conseguirá escalar em meio às águas, à umidade, ao lodo que se forma nas pedras, para nos atingir.

É claro que por muitas vezes queremos colocar a cabeça para fora e nos desesperamos com a altura onde estamos, ou às vezes olhamos para cima e achamos que o alimento que precisamos não virá, ao invés de, simplesmente, nos sentirmos privilegiados por termos sido colocados para viver em um lugar tão lindo que mais ninguém “tem autorização para viver ali”.
O capítulo 40 do livro de Isaías inicia com uma ordem de que precisamos consolar o povo de Deus e dizer-lhes que o tempo da escravidão já acabou e que os seus pecados já foram perdoados. Esse é o primeiro estágio quando o Pai nos tira do lugar de domínio de Satanás e está nos conduzindo para viver em um novo ambiente, em um lugar para sermos cuidados, alimentados e treinados para voar!
No ninho, por entre as rochas, Deus fará da seguinte forma (Is. 40. 11):

“O Senhor Deus vem vindo cheio de força; com o seu braço poderoso, ele conseguiu a vitória. E ele traz consigo o povo que ele salvou. Como um pastor cuida do seu rebanho, assim o Senhor cuidará do seu povo; ele juntará os carneirinhos, e os carregará no colo, e guiará com carinho as ovelhas que estão amamentando.”

É bom nos despirmos daquela autonomia que nos fazia andar por toda a parte e mudar constantemente de lugar, nos tornando muitas vezes alvo fácil do predador. O momento agora é de esperar pelo alimento, confiar que Ele sabe o tempo certo que deveremos permanecer na fenda, até que estejamos prontos para treinar os primeiros voos.

 Aprendendo a voar

O tempo de voar será outro estágio de aprendizado, pois, os primeiros voos serão suscetíveis a muitas intervenções do Pai que virá nos socorrer para que não caiamos no abismo, levando-nos de volta para o lugar seguro. Depois de vários treinamentos, estaremos prontos para sair daquelas rochas e voar mais alto a ponto de descobrir que há flores, árvores, outras paisagens (até então desconhecidos para os filhotes que só avistam água e paredão de pedra).
Como filhos amados do Pai, precisamos confiar que Ele sabe o tempo certo para todas as coisas e tem o melhor para nós, como termina o capítulo 40 de Isaías:

“Mas os que confiam no Senhor recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.”

O alimento que temos enquanto estamos sendo cuidados de perto pelo Pai, fará que ao chegar o tempo de voar, continuaremos dependendo dele, sabendo que não foi pelos nossos esforços que fomos tirados “do chão, de perto do predador”, mas foi o Senhor quem fez esse trabalho, e cuidou de nós, chegando a nos treinar até que estivéssemos prontos para realizar voos tão altos, que as situações vivenciadas lá no chão, onde a maioria se encontra, passam a não mais ser vistas por nós. O nosso mundo passa a ser o mundo das alturas, o mundo de Deus, onde Cristo está assentado (Colossenses 3.1).

Texto escrito em 28/09/2011

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