Andar com Jesus foi inexplicável. Conhecer as pessoas que ele curou, os cegos que estavam pelo caminho e que puderam sair da mendicância através de uma visão restaurada, ver Lázaro sendo entregue para suas irmãs vivo, depois de 4 dias enterrado, correr com a multidão em Jerusalém com palmas em suas mãos honrando o Mestre e tantos outros milagres que presenciamos…
Nada parecia abalar Jesus. Só o vimos chorar 2 vezes: uma sobre Jerusalém com sua religiosidade e cegueira espiritual e outra quando confrontado por Marta e Maria acerca de sua ausência na morte de Lázaro. Ele foi sempre muito forte. Em diversas ocasiões, escapou dos fariseus que discutiam sua autoridade sobre os demônios e sobre as enfermidades, e que queriam apedrejá-lo. No templo, sua autoridade frente às Escrituras era inquestionável. Nosso coração queimava enquanto expunha as Palavras da Lei, e todos se calavam!
Em alguns momentos ele se ausentava. Passava a noite inteira sozinho no monte. Eram os momentos em que estava apenas com o Pai. Nós estivemos sempre à procura dele. Sua presença nos acalmava e nos tranquilizava a alma. Suas palavras eram sabedoria e cura para o corpo e a alma.
Num determinado momento, ele começou a falar de morte. De entrega. Mas, nós não lhe dávamos atenção. Às vezes não entendíamos e outras tapávamos os ouvidos para não ouví-lo. Ele estava nos preparando, mas não admitíamos ser possível sua ausência.
De repente, ouvimos um alvoroço. Muitos soldados e Judas à frente. Não entendemos. O que estaria acontecendo? Judas o beijou, houve uma confusão e alguém pegou a espada para defender o Mestre, e Jesus o repreendeu deixando ser conduzido por centenas de soldados armados e irados.
A partir de então, ficamos perplexas. Não era possível Jesus passar por tanta humilhação sem nenhuma culpa, sem crime algum! E o seu semblante era de dor e compaixão e não de ódio! Os momentos em que se seguiram foram os mais cruéis que pudemos presenciar. Jesus sendo hostilizado pelo caminho. Eram ouvidos xingamentos e ofensas sem fim. Uma multidão acompanhava incitando os soldados a baterem mais. Não compreendíamos tanta maldade por alguém que só fez o bem. Jesus foi julgado e ninguém testemunhou a seu favor. Nós nos perguntávamos: Onde estarão os cegos, os aleijados, o filho da viúva de Naim? Onde estarão os que por ele foram saciados? Ninguém foi capaz de vir lhe socorrer. Nós, as mulheres, jamais fomos ouvidas, mas o que nós vimos durante os 03 anos foram tantas maravilhas! E, agora, presenciávamos a maior das injustiças! Só havia uma coisa a fazer: chorar. Como choramos!!!
Enquanto subíamos para o Monte das Oliveiras, Jesus fitou os olhos em nós e disse: Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos! Até em momento de dor e injustiça Jesus estava sendo altruísta e preocupado conosco!
Penduraram Jesus no madeiro, para que ele tivesse a morte mais cruel, horrenda e escandalosa possível. A cruz onde estava separava a de dois ladrões. Numa atitude de sarcasmo o intitularam Rei dos Judeus e disputaram suas vestes. Diante da sede de Jesus deram-lhe vinagre. O instigavam para que descesse da cruz e Ele não lhes respondia.
Algumas de nós entraram em choque! Não era possível Jesus se deixar passar por tamanha crueldade, depois de ter curado tantas pessoas e ressuscitado outras. Mas Ele não lhes respondia.
De repente, fomos surpreendidas com uma escuridão no meio do dia. Seguramos umas nas outras, tremendo e chorando e ouvimos a voz de Jesus tão forte como nunca havíamos ouvido: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. E houve um silêncio. As pessoas começaram a se afastar e ficaram poucas pessoas, incluindo nós. Vimos quando José de Arimatéia desceu o corpo de Jesus, envolveu num lençol de linho e o levou até um sepulcro novo que havia na rocha. Fomos até ver onde havia sido sepultado.
Depois, fomos para casa. Pegamos nossos perfumes e as essências que possuíamos e preparamos para colocar sobre seu corpo.
Estávamos arrasadas. Dor, revolta, tristeza, medo, insegurança era os sentimentos que nos tomavam. Não dormimos aquela noite. Passamos juntas, chorando e lembrando da sua caminhada conosco: como nos ouviu, nos amou e nos tinha em alta estima!
No dia era sábado. Não saímos de casa. A lei exigia que ficássemos e assim o fizemos. No domingo de manhã pegamos os perfumes e, para nossa surpresa, ao chegarmos no sepulcro, a pedra estava removida. Perplexas e tremendo de medo, entramos e o corpo não estava ali. Ainda se entender ficamos olhando para o vazio quando ouvimos uma voz dizendo: Por que vocês estão buscando entre os mortos aquele que está vivo? E esses homens começaram a nos lembrar daquelas palavras que Jesus havia falado que seria morto e no terceiro dia ressuscitaria… Tudo começou a fazer sentido. A sua obediência, a sua submissão, o seu olhar de amor… Ele tinha um plano!
Voltamos correndo e rindo, todas falávamos ao mesmo tempo tamanho era a alegria e ao encontrar os discípulos falamos: Ele não está lá, ele ressuscitou! Os discípulos começaram a falar que não era possível, que estávamos loucas e Pedro correu em direção ao sepulcro, para testificar do acontecido.
Que privilégio pudemos ter! Caminhar com Jesus, testemunhar sua morte e ouvir dos próprios anjos que Ele havia ressuscitado!
De repente, tudo o que havia se tornado desesperança se encheu de brilho novamente. Ele tinha um Plano. E era o Plano Perfeito. Jesus, filho do Deus único e verdadeiro, havia se entregado por mim, pelas minhas amigas, pelos discípulos, pelos fariseus, por Pilatos e por toda humanidade!
E ele agora estava mais forte do que nunca! Suas vestes resplandecentes, seu olhar como de fogo, sua voz como um trovão. No entanto, as marcas estão lá, inclusive chamou Tomé para tocá-las e nós sentimos novamente o calor de sua presença!
Depois do acontecido, ele ficou 40 dias conosco. E num determinado dia, subiu ao céu na nossa presença e deixou-nos a promessa de que estará conosco até a consumação dos séculos!
Ainda hoje, sentimos a sua presença e em breve o veremos face a face!
Devolveu-nos a alegria, a esperança e a motivação de viver. Um dia estaremos com ele e será eternamente. Nada mais nos separará de seu amor.
Não choramos mais a sua morte, porque ele não está mais morto. Choramos por aqueles que não creem nele. Por aqueles que não se deixaram ser tocados pela sua ressurreição e por aqueles que vivem como se Ele jamais possa ter existido. Choramos por aqueles que convivem com o pecado como se fosse a sua única opção. Choramos por aqueles que vivem doentes e não creem na cura e em como Jesus levou sobre si as nossas enfermidades e choramos por aqueles homens e por aquelas mulheres que continuam buscando entre os mortos Aquele que Está Vivo!