Cuidando dos bens dados por Deus, aplicando a ordem de Jesus do não desperdício.
Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: “Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado”
João 6.12. (NVT)
João relata o milagre da primeira multiplicação de pães realizada por Jesus. Eram 5 pães e 2 peixes para cerca de 5.000 homens. O milagre foi imenso tanto que sobraram 12 cestos de pães.
Me chama a atenção como Jesus fala: “Ajuntem o que sobrou para que não haja desperdício”. Por que Jesus, o que pode fazer qualquer milagre, que de 5 pães alimenta uma multidão, se preocupa com o desperdício? Porque Jesus, o Filho de Deus, já estava nos ensinando a sermos bons mordomos dos recursos que Deus nos deu!
É certo que, dentro de todo recurso existente no planeta não seria necessário existir a fome. Mas, a fome existe por causa dos maus mordomos que temos por aí. São muitas pessoas estocando alimentos, para claro, diminuir a oferta e aumentar a procura. São muitos agricultores jogando fora suas colheitas, porque o preço não está bom para a venda. Mas, antes de nos irarmos por conta dos grandes produtores, do grande comércio da alimentação e dos grandes latifundiários, vamos pensar o que fazemos com os “poucos e importantes” recursos que possuímos: alimentos, água, luz, gás… Quais os motivos que nos levam a ser bons gastadores e, consequentemente, maus mordomos?
1. A justificativa do desperdício: “estamos pagando”, portanto, temos direito.
Já pensou para pensar que, sim, os preços são altos e às vezes abusivo, mas, o pagamento em si não garante o acesso a esses recursos? Nós não construímos a água. Ela foi dada por Deus, e sua manutenção depende, inclusive, de nós, e do que fazemos com ela! Não é raro vermos pessoas se aproveitando de rompimentos de canos para estocar água, lavar carro, ou simplesmente ignorar, deixando rios descer pelas ruas, de água limpa, tratada que poderia matar a sede de muita gente.
2. A ignorância com relação aos que sofrem por escassez de recursos básicos.
Somos egoístas. Lavamos o quintal várias vezes por mês, deixamos todas as luzes acesas, e jogamos muita comida fora. E, daí? Não é mesmo? No máximo, compartilhamos algumas imagens de crianças africanas desidratadas e cobramos dos governantes. É claro, que muitos problemas são por falta de políticas públicas de qualidade, no entanto, na minha casa, pode haver um comprometimento com os recursos existentes, evitando assim, o desperdício citado por Jesus.
3. Um comportamento individualista na atuação da sociedade.
Somos impactados com uma cultura do “eu”: “Eu tenho, eu posso, eu comprei, eu consegui com as minhas forças, inclusive”. Acredito que o fato de morarmos em uma região abastada como é o caso do Sul do Brasil (região que tem sim seus bolsões de pobreza, onde não há sequer saneamento básico), é uma bênção! Mas, esse fator de estarmos em uma terra fértil, onde há alimentação e água (cada vez menos), deveria nos tornar gratos e não egoístas (veja ourtras formas de sermos menos egoistas e fazermos diferença). E a gratidão nos traz um compromisso de fazer um bom uso do que possuímos. E deve ainda, nos trazer um olhar para os que não possuem, evitando o mal do desperdício.
4. Um comportamento de destruição do meio ambiente.
Sinto tristeza quando vejo alguém jogar da janela do carro uma latinha, ou outro item qualquer. A nossa má educação não permite entender de onde vem os recursos. É uma alienação que interfere na nossa cidadania e passamos a destruir o que deveríamos cuidar. O que deve ser público é entendido que não tem nenhum valor ou não pertence a ninguém, portanto, é negligenciado.
Aquela lata, entra ou entope os bueiros, que inundam as ruas nas menores chuvas e logo entra nos rios, mata os peixes, e empobrece a humanidade. Há muitas organizações que estão empenhadas em cuidar das nascentes, dos rios, e dos mares. Mas, são atos isolados e ínfimos frente a multidão de destruidores.
Há anos atrás, tive o privilégio de servir o Pastor Jonathan Santos e todos os dias eu presenciava a sua chegada no escritório com os bolsos cheios de papéis de bala, e lixos que encontrava no lindo Vale da Bênção. Ele não precisava fazer isso, tinha pessoas designadas para realizar a tarefa da limpeza, mas a sua consciência não permitia sua omissão, porque o lidar com o meio ambiente é isso: ou nos envolvemos todos, ou logo logo, nada teremos.
Como estamos lidando com os recursos recebidos? Com o arroz, o feijão que está na nossa despensa, com as sobras das refeições? Como lidamos com a preciosa água, necessária para a nossa sobrevivência (e dos nossos filhos)? Como lidamos com o combustível, com a energia, com nossos rios e ruas? Com a iluminação pública? Com a saúde pública (é bom lembrar quantas pessoas procuram atendimento para um simples atestado médico para não ir trabalhar, por exemplo. Tirando uma consulta de quem realmente precisa)?
Desafio
Qual é o nosso compromisso com a ordem de Jesus para recolhermos os cestos que sobraram para que não haja desperdício? Somos comprometidos de fato com a recolha e cuidado dos pães multiplicados?
Quantas vezes oramos pedindo a Deus a “multiplicação” do nosso ordenado para gastarmos com coisas vãs (simplesmente por que achamos que as merecemos e trabalhamos muito pra isso)? Quantas vezes oramos pedindo a multiplicação do alimento e jogamos fora o excedente?
Para cada um de nós fica o desafio de ser bom/boa mordomo/ gerente/ cuidador/ responsável de tudo aquilo que Deus, em sua bondade e misericórdia nos permite.
Lidia Loback
08/06/2020