Em 2 Samuel, capítulos 15 e 16, relata a história da fuga de Davi, após a conspiração do seu filho Absalão. Como se não bastasse o cansaço, a frustração e a incerteza sobre o futuro, um homem chamado Simei aproveita para amaldiçoar Davi, andando ao lado, jogando pedras e terra e lançando palavras hostis.
Joabe, o comandante do exército, quis resolver o problema, mas não lhe foi permitido por Davi. Nesse momento, podemos observar um controle emocional por parte do Rei Davi que poucos de nós podemos demonstrar ao sermos contrariados.
Jesus também nos deu um exemplo. Ao enviar mensageiros para avisar determinado povoado que estaria entrando ali, teve a recepção negada. E Tiago e João, indignados com a negativa, perguntaram: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?” Jesus os repreendeu e afirmou ainda que não viera para destruir os homens e sim salvá-los (Lucas 9.53-54). Se tivéssemos o poder bélico de Davi, ou Todo o Poder de Jesus, talvez andássemos atirando umas bombas por aí, ao sermos contrariados.
- Porque a nossa humanidade tem dificuldade em lidar com a injúria, a afronta e a rejeição;
- Porque, em muitas ocasiões, nos comportamos como crianças mimadas e não aceitamos “nãos”;
- Porque, talvez, achamos que todo mundo tem que se envolver com nossos projetos pessoais/ ministeriais, e se sujeitar a nós! Ou,
- Porque queremos fazer justiça e tirar de perto de nós, aqueles que nos fazem chorar.
Todos temos aqueles que adoram jogar um bocado de terra, quando choramos a morte de sonhos! Temos os “Simeis” que nos dizem “bem feito” e que comemoram nossas perdas, e isso dói, talvez mais que a própria perda.
Embora, cada situação tem os ensinamentos que precisamos, é necessário, ainda, aceitar o confronto, a discordância e as maldições, com sabedoria e controle emocional.
Não são todos que estarão aplaudindo a nossa vitória, não são todos que nos abrirão as portas, e tomados pelo exemplo do próprio Cristo, devemos aceitar o querer das pessoas, sem nos aproveitar dessa situação para destruí-las.
Às vezes, perdemos o controle das coisas na nossa própria casa, quando nossos pequenos nos dizem: não! Ou quando nosso cônjuge se recusa a fazer o que planejamos. Lidar com as discordâncias dos dos que amamos, ou também, com alguém no trabalho que não nos aceita, ou ainda, alguém que conhecemos muito pouco, mas que possui um ódio desmedido por nós e que, na primeira oportunidade, é capaz de andar ao nosso lado apenas para dificultar a nossa caminhada é sempre um desafio.
No entanto, as situações demonstradas no início desse texto, nos ensinam a termos o controle das nossas emoções, a aceitar o mal e a seguir em frente. Simei reconheceu o seu erro e pediu perdão ao Rei, no mesmo caminho que jogou pedras; e o povoado samaritano, perdeu uma grande oportunidade de ter o Rei dos Reis em seu meio. Não vamos prestar conta das decisões e das atitudes das pessoas, mas das nossas! O que decidimos fazer com aqueles que nos ferem? Ou com os que fecham as portas para nós? O que decidimos fazer com as frustrações e com as decepções ao longo da vida? Ao destruirmos os outros, estamos também, destruindo um pouco de nós, e não nos cabe fazer justiça com nossas mãos, elas foram nos dadas para bendizer a Deus e para abençoar as pessoas à nossa volta.
Portanto, que a nossa oração seja a mesma de Davi, no Salmo 51.10 (NVT):
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova dentro de mim um espírito firme”.