Geazi ainda está entre nós!

Fala de Geazi:

“Eis que meu senhor poupou a este sírio Naamã, não recebendo da sua mão alguma coisa do que trazia; porém, vive o SENHOR que hei de correr atrás dele, e receber dele alguma coisa”.

2 Reis 5:20

A história de Naamã, Eliseu e Geazi é bem conhecida. Naamã, era leproso, e sua esposa ouviu de uma menina trazida como prisioneira de guerra, que haveria cura para ele em Israel.

Naamã partiu para Israel e foi conduzido até o Profeta que o recebeu e o deu uma tarefa: a de mergulhar 7 vezes nas águas barrentas do Jordão.

Após a cura, Naamã tentou dar um presente para Eliseu, mas foi recusado. Eliseu não queria roupas e nenhum benefício, mas Geazi não concordou.

A Bíblia disse que Geazi considerou muito ingrato da parte de Eliseu ter poupado o sírio Naamã, e então, jurando pelo Senhor, correu atrás de Naamã.

A cobiça de Geazi o levou a ser leproso e a perder o posto de ajudante do profeta. E a cobiça ainda vem ceifando o ministério de muitas pessoas que correm atrás de benefícios, ou pagamentos, por algo que não lhe diz respeito mas a Deus!

É fácil ouvir histórias como: “eu dei a minha vida por tantos anos na Igreja, e o que ganhei por isso?” Como se houvesse um valor, um pagamento pela dedicação ou pelos préstimos realizados!

Geazi está nos púlpitos! Geazi corre e Geazi mente. Geazi espera receber algo, e não acha nada justo um sírio ser curado da lepra sem custo e Geazi inventa uma desculpa. Geazi deseja um favor, uma roupa bonita, prata e reconhecimento.

Fala-se muito em honra aos líderes e aos pastores, e achamos bonito enquanto um reconhecimento, mas a pergunta é até que ponto é honra ou pagamento? Até que ponto eu posso honrar alguém que apenas foi um instrumento, uma voz ou uma direção? Não estaria eu invertendo os papéis? Colocando o homem no lugar de Deus? Desejando “não dever nada para ninguém”? Ou até mesmo sendo arrogante a ponto de não receber nada sem ter como retribuir? É interessante notar que a graça é de graça! E ainda, o sacrifício de Jesus é impagável, mas o pastor que vem na minha casa precisa de um reconhecimento, de uma gratidão e de um pagamento.

Quando estivemos em Portugal, ao orarmos com as pessoas, elas ficavam incomodadas em sair sem pagar. Geralmente perguntavam: Quanto devo pagar? E ficavam muito constrangidas quando dizíamos que não precisavam pagar nada! Naamã trazia o orgulho de não querer nada que não lhe custasse algo! Ele carregava em sua caravana roupas caras, prata e coisas preciosas, e Eliseu não quis nada daquilo!

Geazi, é aquele servo curioso, que observa o que lhe poderia ser útil e então decide correr atrás. Afinal, umas peças de roupas poderia lhe ajudar muito e lhe servir em ocasiões especiais. Olhando, do ponto de vista humano, que mal teria receber algo?

A questão é que olhamos demais do ponto de vista humano. Jesus, o nosso Mestre, nasceu em uma manjedoura, foi criado entre os pobres, empoeirava os pés e não tinha onde “reclinar a cabeça” (Mateus 8.20).

Ainda em Mateus, capítulo 6, versículo 2 está escrito:

“Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa”.

Cobiçando

Às vezes, me pego pensando nos inúmeros ícones evangélicos, que para chegar perto é preciso muita coragem, pessoas que andam de carros caríssimos, com relógios raros, cheios de perfumes francês, terno italiano, esbanjando riqueza, tão diferentes do Cristo da Cruz, que até as roupas que tinha foram distribuídas conforme a sorte.

A Igreja está cheia de Geazi, de pessoas que correm atrás de Naamã, que ostentam “ser amigo do servo do comandante do rei da Síria”, dá status e enche os olhos!

Realmente, vivemos tempos muito diferentes do da Bíblia. Paulo, um homem douto, abençoado e dedicado na obra do Senhor, trabalhava para sua própria manutenção:

“Irmãos, certamente vocês se lembram do nosso trabalho esgotante e da nossa fadiga; trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a ninguém, enquanto lhes pregávamos o evangelho de Deus. Tanto vocês como Deus são testemunhas de como nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês, os que crêem”.

1 Tess. 2.9-10

Atualmente há congressos tão caros (para pagar aos palestrantes com currículos invejáveis), que não é qualquer pastor ou líder que consegue participar. Os hotéis 5 estrelas, com espaços relaxantes e nenhuma sala de oração, com refeições requintadas, dignas de pessoas ricas, fazem as vezes de locais de aprendizado, enquanto os discípulos aprendiam na beira do mar, andando pelo caminho e no meio da tempestade.

O evangelho não mudou, mas Geazi existe ainda e perpetua entre os que cobiçam fama, dinheiro e riqueza. Em nome de Deus correm atrás das carruagens e mentem deliberadamente, em nome de Deus, para conseguir acesso, status e poder.

Em João 18.36, enquanto era interrogado por Pilatos, Jesus responde: Meu Reino não é deste mundo! Mas o mundo de Geazi é este, cheio de corrupção, ganância e conquistas passageiras! O mundo de Geazi é de bajulação! De engano e de recompensas terrenas! No mundo de Geazi tem ganhos pessoais. Não tem sofrimento, não tem perdas e não tem graça.

O certo é que Geazi colhe a lepra de Naamã, como nos Salmos 115, diz:

A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam.

Salmos 115:8

Quem confia em Naamã, fica como ele. Quem confia em Babel fica perdido e quem espera por Mamon longe está de Deus!

Que Deus tenha misericórdia da Igreja, dos líderes e dos pastores! Que haja equilíbrio, sensatez e simplicidade! Que sejamos como Eliseu, Paulo ou João Batista e que possamos nos converter, sem desejar recompensas para hoje.

“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros”.

Romanos 14:17-19

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