Entre a necessidade da partida e o desejo do regresso

Jacó, após trapacear seu irmão e ser ameaçado de morte, parte para uma nova terra. Era necessário fazer sua própria história e defender-se do ódio de Esaú, até que a ira fosse aplacada.

Ainda no caminho de ida, Jacó, fez uma oração: “se eu for e der tudo certo, se conseguir meus objetivos, e, um dia eu voltar em segurança para a minha terra, o Eterno será o meu Deus” (Gen. 28)

O caminho de ida era inseguro. Ele não sabia o que ia enfrentar, não sabia se teria alimento, suprimento e roupas. Não sabia se conseguiria uma esposa, se formaria sua família, se sofreria algum infortúnio. Mas era necessário ir.

A vida nos impõe destinos desconhecidos e até temerosos. E é necessário passar pelos campos, vales e montanhas. É imprescindível, em muitas situações, abrir mão do conforto, da estabilidade, do local onde já conhecemos os perigos e os campos minados, e seguir rumo a uma terra desconhecida, inóspita, onde precisaremos viver em estado de alerta. Talvez, uma transferência de trabalho, uma pós graduação, uma missão evangelística ou até em busca de tratamento de saúde.

O novo ambiente de Jacó não tinha Rebeca, a mãe protetora e controladora. Jacó não teria mais alguém para ouvir atrás das portas, e orientar sua vida. Jacó estaria sozinho.

Lugares que forjam o nosso caráter, são aqueles que tiram-nos da zona de conforto. Aqueles que precisamos invocar a Deus, e chorar sem ombro para apoiar.

E é preciso ir mesmo que ainda no caminho de ida já exista o desejo de voltar. Sim, orando pela ida e desejando o retorno. Afinal, não queremos que o lugar da aflição nos seja eterno. Queremos regressar à estabilidade, e onde temos nossa família e amigos.

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Muitos dos que partem em busca de uma vida melhor, sonham em regressar com os frutos daquela empreitada. Apesar de existir os que foram sem o desejo de regressar, esses não são a maioria.

Em casa tiramos o agasalho, ficamos de chinelo e esticamos as pernas no sofá. Em casa não precisamos ter formalidades, encurtamos as frases e soltamos o verbo na língua familiar. Em casa não precisamos dar explicações. Em casa somos aceitos como somos.

O caminho de ida com o desejo da volta é demonstrar onde o nosso coração ficou e onde desejamos um dia ser sepultado. José morreu no Egito mas deu ordens para que um dia seus ossos fossem levados para Canaã. Seus ossos viajaram 40 anos até estarem no local devido. Mesmo morto, de certa forma, regressou.

Se você está indo por uma necessidade, não perca a esperança de voltar. Esteja integralmente no novo local, mas, com a expectativa do retorno.

Jacó regressou cheio de coisas boas e com uma história de sucesso, apesar de ter sido explorado por seu sogro; Deus o fez próspero. Eram animais e criançada voltando com ele. Já não estava sozinho deitado com uma pedra como travesseiro. Eram mugidos, latidos, risadas e conversas animadas. Ele voltou, se reconciliou com seu irmão e se estabeleceu na terra onde havia crescido.

Deus foi o seu Deus. Deus o levou e o trouxe de volta em paz e segurança.

No caminho de ida ou volta, podemos fazer votos com Deus e o estabelecer como Aquele que cuida de nós, dia ou noite, na língua estrangeira ou familiar. Aquele que nos protege e abençoa o trabalho das nossas mãos.

“O Eterno guarda você de todo mal, ele protege sua vida. Ele o protege quando você sai e quando você volta, guarda você agora e o guardará para sempre”

Salmos 121.7-8 [MSG – A Mensagem]

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