A primeira vez de Jesus ao Templo foi levado pelos pais, ainda bebê. A segunda vez que se tem registro já tinha 12 anos. Depois, já era adulto, mas Jesus não vivia lá, sua agenda consistia em anunciar o Reino fora da igreja, nas periferias, casas, e locais que abrigavam pessoas que, em sua maioria, não eram bem vindas no Templo.
Na agenda de Jesus pessoas tinham prioridade para além das atividades.
Às vezes, a gente acha que as coisas que julgamos importantes são mais importantes que pessoas, mas Jesus não via assim. Expulsou demônios no cemitério, curou cegos e leprosos pelo caminho, conversou com mulheres de má reputação, viu Zaqueu na árvore, atraiu pescadores e discursou de cima do barco.
Jesus também passava pelo Templo, mas era no convívio com pessoas comuns e afastadas da sociedade que desempenhava seu ministério.
Fazer parte de um ministério na Igreja é nobre e lindo. Pregações no púlpito ainda têm uma certa nobreza para nós, ouvir e cantar canções acompanhados de músicos, luzes e refletores é lindo e emocionante. A Bíblia relata que Jesus cantou um hino, com seus discípulos antes de saírem para o Monte das Oliveiras. As Escrituras não relatam quem tocou o violão, a harpa, ou a bateria.
A partir do exemplo de Jesus, o evangelho se constitui mais fora do que dentro do Templo. Invertemos esse processo quando passamos todo o fim de semana dentro da Igreja, com muitas ocupações religiosas, diminuindo o contato com as pessoas – até da própria família.
Essa visão se estendeu de tal forma, que as pessoas desenvolveram dois comportamentos – dentro e fora da Igreja.
Dentro cantam, levantam as mãos, ofertam, ouvem o sermão e interagem lindamente. Não há nada de errado nisso. Mas, fora da Igreja é cada um por si. São egoístas, arrogantes, mentirosas, corruptas, adúlteras e tantas outras coisas!
Jesus defendeu o Templo e o chamou de Casa do meu Pai! E devemos defender a Igreja- Templo, pois ali, apresentamos, junto com outros irmãos, louvores e ação de graças a Deus! No Templo damos “Glória”, e há unidade no corpo reunido e a benção do Senhor é derramada sobre nós.
Cresci nos fundos da Igreja, e então era o quintal da minha casa. Aprendi a valorizar e a estar reunida desde muito cedo. Mas, aprendi também, que “as coisas de Deus” é cantar, orar, pregar, tirar oferta, frequentar cultos, estudo bíblico… tudo na Igreja”. Consequentemente, aprendi a ser mais uma religiosa.
Depois de muitos anos, aprendi que a minha fé precisa ser vivenciada na igreja, na escola, em casa, no trabalho, nas comemorações, nas conversas cotidianas… Ou seja, o maior desafio é continuar “crente” fora dos limites do Templo. Pois, agora, somos Templos do Espírito Santo, Ele habita em nós e não só nos visita de vez em quando. O Espírito anda conosco e nos impulsiona a falar e viver o Evangelho em palavras e atitudes.
É o Templo na rua, no mercado, na feira, na farmácia, na fila do Banco, no trânsito e em todos os lugares que frequentamos.
Esse é o Evangelho de Jesus, e é isso que faz a diferença.
Quando morávamos em outro país, em um domingo, precisávamos da ajuda de alguém para chegar até a farmácia e comprar um remédio para nossa primogênita, ainda bebê. Não tínhamos carro, e a farmácia aberta ficava bem longe da nossa casa. Liguei para amigos de fé solicitando ajuda e obtive a resposta que eu já esperava: “não posso te atender, estou indo para a Igreja”. Essas e outras ações me fazem pensar o que Jesus faria? Jesus não tinha um cargo no Templo – aliás, nem era bem recebido por lá. Ele amava aquela casa e fazia explanações das Escrituras quando era convidado. Mas, Jesus não se prendeu às atividades religiosas, mas levou o Templo aos que estavam longe. Levou perdão, consolo, ressurreição, luz, pão, benção e salvação.
Acredito que esse é o Evangelho, feito na prática do cotidiano, na vida das pessoas que convivem conosco e daquelas que precisamos conhecer.
É óbvio que, por causa de tantas incoerências muitas pessoas passaram a excluir a Igreja de suas vidas. Querem ser crentes em casa, apenas. Não conseguem conviver com as contradições. Neste quesito é importante seguir o exemplo dos apóstolos da Igreja Primitiva. Eles subiam ao Templo, ouviam as Escrituras, oravam, curavam, mas, suas vidas não se resumiam a essas atividades. Também estavam nas ruas, nas cidades, nas casas, em prisões (acusados por religiosos), e em outros locais onde havia gente. Eram os primeiros cristãos – Pequenos cristos a exemplo do Mestre. Esse é o padrão a ser seguido.
Cristo em nós a esperança da Glória.