Hoje decidi procurar conchas. Mas, eu não queria simples conchas, eu desejava encontrar conchas perfeitas e de tons raros.
Fiz uma extensa caminhada em busca delas e encontrei algumas. A maioria, pelo caminho que trilhei eram comuns e muitas, quebradas.
Nessa caminhada, me lembrei da minha própria vida: comum e, em muitas situações, em pedaços. Não sou a mesma há um ano e não serei quem sou hoje, daqui alguns meses. Passamos pelo processo de transformação sempre e quem deseja buscar em nós, perfeição, se decepciona.
Também, quem comigo caminha, é feito e refeito, passando pelas intempéries da vida, pelos processos dolorosos e pelos encontros e desencontros.
Não somos uma concha perfeita: há quebraduras que achamos não ser passível de conserto. Não somos raros: há muito do trivial em nós: choramos, rimos, desencantamos e seguimos.
Muitos se frustram ao não ver em nós concretizado os seus sonhos particulares. Paciência, eles também são arrastados por ondas bravias e tempestivas.
Embora, as pessoas desistam de nós, pela nossa imperfeição, Deus continua investindo nos nossos cacos. Ele sabe reconstruir e nos ama da forma em que estamos. Não somos conchas descartadas em Suas mãos, pois Ele vê em nós o que Ele mesmo põe. E, para o louvor da Dia glória, nos reconstrói, e nos refaz, tornando-nos raros e únicos.
À Ele seja a Glória