A fuga
O Livro de Jonas conta uma história interessante. Jonas fora chamado por Deus para anunciar a Palavra em Nínive. Nínive era uma grande cidade que mergulhava em pecados, e se o povo não se arrependesse haveria destruição. Jonas fugiu. A Bíblia diz que ele se arrumou, mas foi na direção contrária. Não sabemos o por quê de Jonas não ter permanecido em sua casa, ao invés de sair para outro lugar, mas o fato foi esse: Jonas pegou um navio para outro lugar. Ignorando a mensagem de Deus.
Fugir torna-se uma opção para quem não deseja obedecer. Talvez pensemos que sair daquele contexto vai nos isentar de qualquer culpa ou da desobediência. Porém, a fuga de Jonas trouxe outras consequências que, inclusive, colocavam a vida de outros em risco.
Jonas queria ir para qualquer lugar que não fosse Nínive. Nos portos da nossa vida encontramos outros navios, outras possibilidades, outras viagens. No entanto, há sempre uma tempestade esperando por aqueles que tomaram uma decisão errada.
Fugir é fácil. Encontramos muitos pais que fogem da responsabilidade… Deixam os seus filhos sem o seu sobrenome, abandonam afetivamente, deixam com os avós, deixam com terceiros, ignoram… Encontramos casamentos que se dissolvem simplesmente por não admitir as dificuldades… Ministérios que se diluem pela fuga, afinal Nínive é violenta, mas Deus é misericordioso.
Diante de uma escolha, opte pela obediência. Enfrente as dificuldades, não negocie a verdade, seja responsável. Se Deus confiou uma missão à você, Ele sabe que será capaz de concluir, pois Deus não desiste de Nínive, mas também não desiste de Jonas.
Uma tempestade
Jonas embarcou em um navio que ia para Társis, afim de fugir do Senhor. O Senhor, porém, enviou sobre o mar um vento forte, e caiu uma tempestade tão violenta que o navio estava prestes a se despedaçar. Com muito medo, os marinheiros clamavam a seus deuses para que os socorressem e lançavam a carga no mar para deixar o navio mais leve. Enquanto isso, Jonas dormia profundamente no porão. Então o capitão desceu para falar com ele. “Como pode dormir numa situação dessa?”, disse. “Levante-se e ore a seu deus! Quem sabe ele prestará atenção em nós e poupará a nossa vida!” (Jonas 1. 3-6).
O navio prestes a afundar. Um vendaval. Marinheiros oravam e lutavam e Jonas dormia. Fuga produz inércia. Fuga nos leva para o porão. A situação se revelava instável e descontrolada. Mas Jonas dormia. Jonas não se importava. Às vezes, também somos assim. A situação exige que nos levantemos, que oremos e que lutemos, mas a inércia toma conta de nós, do nosso ânimo e da nossa força. E dormimos, e “vemos a banda passar”, e nos tornamos um peso no navio que estamos.
Faz-se necessário entender que atitudes erradas podem afetar outras pessoas. Não estamos sozinhos no barco. Há pessoas que não têm culpa dos nossos erros, e que por nossa insolência podem ser naufragadas!
Nossa inércia revela um descaso total com aqueles que vivem conosco. Com nossa família, com nossos companheiros de trabalho ou de ministério. Diante da tempestade precisamos despertar desse sono doloso e fazer coro com os demais que lutam por nossas vidas.
Identidade
“Então a tripulação tirou sortes para ver qual deles havia ofendido os deuses e causado a terrível tempestade. Quando tiraram as sortes, elas indicaram que Jonas era o culpado. “Por que essa terrível tempestade veio sobre nós?”, perguntaram. “Quem é você? Qual é sua profissão? De onde vem? Qual é a sua nacionalidade?” Jonas 1.7,8.
Tempestades, geralmente, são ótimas para revelar quem somos. Tempestades fazem sair de nós, nossas verdadeiras ações, expõe nossa intencionalidade (por pior que seja), e esclarece a que viemos. Identidades são requeridas em tempos de tempestades. Quem é você quando o mar se agita? Quem sou eu quando o navio está prestes a afundar? Quem somos nós quando passamos por uma grave crise financeira, ou um problema grave de saúde? Quem somos nós quando perdemos alguém importante?
As perguntas giravam em torno de Jonas: Quem é você? Quem você adora? De onde vem e para onde vai? Jonas estava sendo um desobediente, indo para um lugar onde não havia sido chamado, mas não perdeu de vista quem era, e assumiu o seu erro perante toda a tripulação:
“Joguem-me ao mar, e ele voltará a ficar calmo. Eu sei que esta terrível tempestade é culpa minha“.
Jonas. 1.12.
Assumir a responsabilidade, a culpa é algo raro em nossos dias. Temos tantas justificativas… Como é raro encontrar alguém que diga: “Eu errei!”… Assumir o erro é nobre. Assumir a culpa isenta as outras pessoas e salva vidas daqueles que sofrem as consequências dos nossos atos.
Ao ser confrontado, Jonas apontou a solução que salvaria a todos: Joguem-me ao mar!
Jonas havia saído da inércia e permitiu o confronto! Jonas se colocou à disposição para reparar o erro, mesmo colocando em risco a sua própria vida.
A tempestade cessou quando Jonas foi lançado ao mar. Incrível como uma decisão nossa pode afetar toda uma embarcação. Talvez, seja hora de refletir: os passos que estou dando tem trazido perigo para quem “viaja” comigo? Se trouxer, precisamos reconsiderar, assumir a culpa e pedir perdão! Reconhecer o erro e permitir estabilidade aos que caminham conosco.
“Examina-me, ó Deus, e conhece meu coração; prova-me e vê os meus pensamentos. Mostra-me se há em mim algo que te ofende e conduze-me pelo caminho eterno“.
Sl. 139.23,24.