Ana era casada. Num tempo e cultura em que era permitida a poligamia, dividia o mesmo marido com Penina. Ana era estéril, Penina era mãe. A esterilidade de Ana não era algo que escolhera, mas Penina resolveu lhe amargar ainda mais a vida: fazendo provocações e caçoando da situação de Ana.
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Lidar com a esterilidade era uma coisa, lidar com a provocação, outra. Apenas a questão da esterilidade poderia causar depressão, mas para Ana ainda era mais complicado: todas as vezes em que subia ao templo, chorava e perdia o apetite, pois repetidamente era motivo do deboche de Penina.
Lidar com pessoas que se consideram melhor por ter tido algum privilégio é muito difícil. Pessoas que se acham superiores por algo que não foi de sua escolha, mas que foi uma dádiva divina. Há pessoas que conseguem ter uma noite tranquila de sono, e caçoam de quem não tem. Existem outras que foram agraciadas com pais abençoados, e criticam quem precisou conviver diante da violência e sofrimento. Há ainda, os que riem de quem possuem problemas físicos ou de saúde, como se isso, fosse algo de sua escolha. E assim por diante.
Ana tinha Penina para amargar-lhe a vida. Mas, Ana decidiu levar essa questão a Deus, ao invés de resolver no braço, ou vingar de qualquer outra forma.
Não foi apenas a provocação de Penina que Ana precisou lidar, mas com a incompreensão do Sacerdote. Com a alma amargurada, Ana movia os lábios e não saía som de sua voz. E o homem de Deus achou que ela estivesse embriagada. E fez-lhe uma advertência para que parasse de se embebedar com vinho.
Ana havia feito algo errado? Não. Ana estava no lugar certo, fazendo a coisa certa, mas nem isso é suficiente para que as pessoas em nossa volta nos respeitem e tenham empatia. Homens e mulheres se tornam instrumentos do maligno quando não medem suas palavras, e não procuram conhecer o contexto da situação antes de proferir broncas desnecessárias. Mesmo o sacerdote, o Pastor, o Reverendo, o Levita, o Rei, o Presidente, entre outros.
O que fez Ana? Disse que nunca mais voltaria no Templo? Espalhou para os demais irmãos o erro do Sacerdote? Abriu um processo por danos morais ou por assédio moral? Não. Ana se explicou. Contou o que estava a perturbando.
E, ainda mais, diante do entendimento de Eli, e da sua Palavra de encorajamento, Ana prosseguiu confiante. O seu semblante mudou, voltou a se alimentar e voltou para sua casa com confiança e alegria.
Viver em sociedade, trabalhar, frequentar uma igreja, estudar… Conviver com outros seres humanos, mesmo aqueles que achamos que não deveria nos ofender e desconfiar de nossas atitudes, é um desafio. Tem gente que diz coisas que não são para serem ditas. Há muitas pessoas que perdem a oportunidade de ficarem caladas: Ferem, caluniam, caçoam, riem, e querem mudar o outro à força! No entanto, o nosso reflexo, a nossa reação vai dizer mais de nós, das nossas expectativas, expor nossa dor, e nossa melindre. A nossa reação errada não vai mudar o outro, mas vai falar de nós, daquilo que precisamos melhorar.
Ana teve a paciência de se explicar, de justificar o seu comportamento no templo. Será que teríamos? Ou falaríamos: não sou obrigado! Na realidade, o outro, apesar de sua função de autoridade não consegue entender o nosso coração e nem sondar as nossas intenções. Quem faz essa função é o Espírito Santo!
A dor de Ana não era justificativa para maltratar, e toda essa situação mostrou para nós um exemplo de uma mulher doce, amável e tratada! Uma mulher sábia e madura. Que aprendeu a lidar com o outro, com situações que a feriram, mas que não foram utilizadas para a retaliação. E, se fosse eu? E, se fosse você?
Vamos aprender com Ana a superar a dor da provocação e da incompreensão, e vamos estar abertas para sermos abençoadas, a nos livrar do pranto, da tristeza e a gerar profetas! Do ventre de Ana veio Samuel, um profeta abençoado! E todo o povo de Israel foi favorecido pela vida dele. Um homem entregue por sua mãe e consagrado por Deus para fazer a diferença naquela geração.